sábado, 23 de abril de 2011

A PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS














A PAIXÃO

Rogel Samuel

Eu sei: sei que o leitor e a leitora já ouviu "A paixão segundo São Mateus" de  Bach. Não sei se na mesma gravação que ouço agora, Deutsche Grammophon 419789-2, conduzida por Karajan, com a Filarmônica de Berlin e Gundula Janowitz etc.,  coro da Ópera de Berlin, em 1972. Não sei. Que dizer? A massa sonora desaba a dramaticidade de uma catástrofe. Que mais? Karajan explorou os "Ah!" - alongando "aa", estupefatos, de puro horror, perdurando-os até o limite do insuportável da dor. O ouvinte pode gritar: "Pare!" E o duplo coro: "Venha, irmãs, compartilhem com as minhas lágrimas" - na  expressão funda em que o coração se despedaça. "Veja-O". "Veja-O" - se ouve a Mãe dizer, a apontar o filho, petrificada, horrorizada, vendo o amado filho, ali, no alto da sua compaixão, a caminho do sacrifício, a caminho do Gólgota, a caminho do Lugar da Caveira. E as flautas choram, os fagotes e violinos gemem, o órgão acorda, o coro, gigantesco, se engasga porque o mundo inteiro está em ruínas, o Universo estremece estarrecido - o que foi aquilo? Que é aquilo que vemos? Oh, que horror!  São ondas largas, são ondas largas. "Veja-O, o torturado". (Mas riam dele, e despojavam-no de suas vestes, cuspiam nele e, tomando o caniço com que se apoiava, davam com ele na cabeça, obrigando-o a beber vinho com fel). Mas Ela, a Nossa Própria Mãe!,  nos exclama: "Veja a sua doçura!" Veja com que doçura ele vai a caminho da dor. Não há, neste tema, talvez o maior de todos os temas - do sacrifício, da tortura, da loucura, da violência, da nossa crueldade — maior realismo do que esse: "Estais vendo? Estais todos vendo o que vejo? [pergunta a Mãe]. É ele! Veja a sua doçura a caminho do calvário!"  E a massa do diáfano coro infantil, saído não se sabe de onde, talvez das profundezas das nossas próprias mentes, as crianças celestes, as mais puras crianças celestes, uma surpresa de Bach, que entra com vozes vindas de um céu distante onde pequeninos anjos horrorizados e não acreditando naquilo a que estavam assistindo, com o que estávamos todos assistindo, o mais santo dos homens levado ao sacrifício brutal... Bach usou e abusou de sua engenhoca, da sua capacidade de, num malabarismo barroco, nos enredar, nos torcer como serpente estranguladora de suas malucas idéias musicais, hipnotizando, sufocando até às lágrimas. Na realidade, esta é música perigosa, faz muito mal, depois de ouvi-la nos sentimos mal, pode até matar-nos. São certas voltas e fugas das vozes mais puramente estarrecidas daquelas crianças celestes do coro infantil que gritam nos nossos ouvidos, que gritam para nós, dentro de nós, para que ouçamos nós, para que nunca nos esqueçamos nós: "Ó Deus, como ele está sereno a caminho da cruz" - "Como está paciente!" "Ainda que cruelmente torturado..." ... de seus olhos saem a sua grande e máxima compaixão...". A música passa por sobre nossa sensibilidade como um tanque de guerra. E Bach trabalha com a gigantesca massa de sonoridades impressionantes, quando o texto da antiga liturgia luterana nos diz (não sem ironia): Tende piedade de nós, ó Jesus! Nós vos imploramos, ó Jesus, tende piedade de nós! - Isso dito na hora mesma em que ele está a caminho da morte! E todo coberto de sangue! Tende piedade de nós, vós que caminhais para a morte, enquanto carregais sobre os ombros o instrumento da tortura! Vós que estais sendo levado à mais terrível dor, ao supremo de todos os nossos erros, tende piedade de nós! De nós que vos condenamos à Morte! Tende piedade de nós!

Passion Unseres Herrn Jesu Christi

Nach dem Evangelisten Matthäus



Musik: Johann Sebastian Bach
Text: Christian Friedrich Henrici,

Música: Johann Sebastian Bach
Texto extraído das Sagradas Escrituras

com comentários poéticos de C. F. Henrici,

conhecido como Picander



Primeira parte


Jesus é ungido em Betânia

(Mateus 26, 1-13)



Nº 1. CORO, CORAL



Coro

Venham, filhas; ajudem-me a chorar!

Olhem! (quem?) O noivo.

Olhem-no! (como?) Como um cordeiro.

Olhem! (o quê?) A sua paciência.

Olhem! (para onde?) Para as nossas culpas.

Olhem-no! Por amor e clemência

Ele carrega a madeira da própria cruz.



Coral (Sopranos “in ripieno”)

Ó inocente Cordeiro de Deus,

Sacrificado no tronco da cruz,

Sempre paciente;

Apesar de seres desprezado,

Suportaste todos os nossos pecados.

Sem ti teríamos nos desesperado.

Compadece-te de nós, Jesus!



Nº 2 Recitativo (26, 1-2)



Evangelista (EV):

Quando Jesus terminou suas palavras,

disse aos seus discípulos:



Jesus:

Bem sabeis que daqui a dois dias

será celebrada a páscoa e, o filho do homem

será entregue

para ser crucificado.



Nº 3 CORAL:
Amantíssimo Jesus,

em que transgrediste,

para que caia sobre ti

tão severa sentença?

Qual é a tua culpa?

Que más ações cometeste?





Nº 4 Recitativo (26, 3-4)

EV.
Então reuniram-se os principais sacerdotes,

os escribas e os anciãos da cidade

no palácio do sumo-sacerdote,

que se chamava Caifás. E resolveram buscar

o modo de prender a Jesus com ardis, para matá-lo.

Mas disseram:



Nº 5 Coro (26, 5)

Que não seja durante a festa (páscoa),

para não provocar tumulto no povo.



Nº 6 Recitativo (26, 6-7)



EV.

Estando Jesus em Betânia,

em casa de Simão, o leproso,

aproximou-se dele uma mulher

que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça,

estando ele reclinado à mesa.

Quando os discípulos viram isso,

indignaram-se, e disseram:



Nº 7 Coro (26, 8-9)

Para quê esse desperdício?

Este perfume poderia ter sido vendido por alto preço

e o lucro dado aos pobres.



Nº. 8 Recitativo (26, 10-13)



EV.

Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes:



Jesus
Por que molestais esta mulher?

pois praticou uma boa ação para comigo.

Porquanto os pobres sempre os tendes convosco;

a mim, porém, nem sempre me tendes.

Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo,

fê-lo a fim de preparar-me

para a minha sepultura.

Em verdade vos digo que onde quer que for pregado

em todo o mundo este evangelho,

também o que ela fez será contado

para memória sua.





Nº 9 Recitativo (Contralto)

Salvador bem amado,

Enquanto teus discípulos imprudentes

Murmuram vendo esta piedosa mulher

Preparar com ungüento o teu corpo

Para a sepultura,

Permite-me que, enquanto isso,

Meus olhos vertam sobre a tua cabeça

Um copioso fluxo de lágrimas.



Nº 10 Ária (Contralto):

Contrição e arrependimento

Torturam o meu coração culpável.

Que minhas lágrimas tornem-se para ti,

Fiel jesus, em agradáveis aromas.





A Última Ceia

(Mateus 26, 14-35)



Nº 11 Recitativo (26, 14-16)



Ev.

Então um dos doze discípulos,

chamado Judas Iscariotes

foi aos principais dos sacerdotes e lhes disse:



Judas:
Que me dareis se o entregar a vós?

Estou disposto a traí-lo.



Ev.

Ofereceram-lhe trinta moedas de prata,

e a partir de então procurava ocasião

para traí-lo.



Nº 12 Ária (Soprano):

Sangra, querido coração!

O menino que criaste,

que amamentaste no teu peito,

ameaça assassinar-te,

pois converteu-se em serpente.



Nº 13 Recitativo (26,17)



Ev.

No dia primeiro dos pães asmos,

aproximaram-se de Jesus os seus discípulos

e lhe perguntaram:



Nº 14 Coro:

Onde queres que façamos os preparativos

para a ceia da páscoa?



Nº 15 Recitativo (26, 18-22)



Ev.

Ele lhes disse:



Jesus:

Ide à cidade, a casa de fulano

e dizei-lhe: o mestre encarregou-me de dizer-te

que a sua hora se aproxima

e quer celebrar, na tua casa, a páscoa

com seus discípulos.



EV.

E os discípulos fizeram

como Jesus lhes havia ordenado

e prepararam a páscoa.

E ao entardecer, sentou-se à mesa

com os doze.

E quando estavam comendo, lhes disse:



Jesus:

Em verdade vos digo

que um de vós me trairá.



Ev.

Eles se entristeceram profundamente,

e, um por um, lhe perguntaram:



Coro:

Senhor, sou eu?



Nº 16 CORAL:

Sou eu, e deveria sofrer em seu lugar,

atado pelos pés e mãos,

no inferno.

A flagelação, as ataduras

e tudo quanto padeceste

minha alma é que merecia.



Nº 17 Recitativo (26, 23-29)



EV.

Ele respondeu, dizendo:



Jesus:

O que puser comigo a mão no prato

esse é o que me trairá.

O filho do homem continua o seu caminho,

conforme dele está escrito:

Mas ai daquele

por quem o filho do homem

for traído. Melhor seria

não ter chegado a nascer.





EV.

Judas, o que ia traí-lo,

lhe perguntou:



Judas:

Mestre, sou eu?



EV.

E ele lhe respondeu:



JESUS:

Tu o disseste.



EV.

Enquanto comiam, tomou Jesus o pão

e, dando graças, partiu-o

e deu-o aos seus discípulos, dizendo:



JESUS

Tomai e comei: este é o meu corpo.



EV.

E tomou o cálice e, dando graças,

ofereceu-lhes, dizendo:



JESUS

Tomai e bebei todos vós;

este é o meu sangue do novo testamento,

que será derramado por muitos

para a remissão dos seus pecados.

E digo-vos que não beberei mais

deste fruto da videira

até o dia em que o beba de novo

convosco no reino do meu Pai.



Nº 18 Recitativo (SOPRANO)

Apesar de o meu coração

se desfalecer em lágrimas,

quando Jesus se afasta de mim,

seu testamento enche-me de gozo.

Sua carne, seu sangue, apreciado tesouro!

põe-nos em minhas mãos.

Assim como na terra

só podia amar aos seus,

assim os amará até o fim.



Nº 19 Ária (Soprano)

Quero oferecer-te meu coração,

Mergulha-te nele, meu Salvador.

Quero em ti fundir-me;

Se o mundo é pequeno demais para ti,

Que sejas tu só para mim,

Mais que o céu e o mundo.



Nº 20. Recitativo (26, 30-32)



EV.

E tendo cantado um hino,

Saíram para o Monte das Oliveiras.

Então Jesus lhes disse:



Jesus:

Todos vós esta noite

vos escandalizareis de mim;

pois está escrito:

Ferirei o pastor,

e as ovelhas do rebanho se dispersarão.

Todavia, depois que eu ressurgir,

irei adiante de vós para a Galiléia.



Nº 21 Coral:

Reconhece-me guardião e pastor meu,

leva-me contigo!

De ti, fonte de todos os bens,

procedem todos os meus.

Tua voz me deliciou

com leite e doces alimentos.

Teu espírito satisfez-me

com mil gozos celestiais.



Nº 22 Recitativo (26, 33-35)



Ev.

Mas Pedro, tomando a palavra,

disse-lhe:



Pedro:

Mesmo que todos se envergonhem de ti,

eu jamais me envergonharei.



Ev.

Jesus lhe respondeu:



Jesus:

Em verdade te digo:

esta noite, antes que o galo cante,

me negarás três vezes.



Ev.

Pedro lhe respondeu:



Pedro:

Mesmo que tiver que morrer contigo,

não te negarei.



Ev.

E o mesmo disseram os outros discípulos.



Nº 23 Coral:

Quero ficar aqui, junto de ti,

não me rechaces.

Não estarei afastado de ti,

quando se fecharem os teus olhos;

quando teu coração se detiver

no último estertor da agonia,

então quero tomar-te entre meus braços

e colocar-te em meu seio.



No Monte das Oliveiras

(Mateus 26, 36-56)



Nº 24 Recitativo (26, 36-38)



Ev.

Então, veio Jesus com eles a um jardim,

chamado Getsêmani,

e disse aos seus discípulos:



Jesus:

Sentai-vos aqui,

enquanto eu vou ali para orar.



Ev.

E levando consigo Pedro

e os dois filhos de Zebedeu,

começou a se entristecer e a se angustiar.

Então Jesus lhes disse:



Jesus:

Minha alma está muito triste;

ficai aqui e velai comigo.



Nº 25 Recitativo (Tenor, Coral)



Solo:

Ó dor!

Aqui treme o coração atormentado!

Como se desfalece,

Quão descomposto está o seu rosto!

O Juiz o leva ante o tribunal.

Não há consolo, não há ajuda.

Sofre todos os tormentos infernais,

Expiando a culpa de todos.

Ah, se o meu amor pudesse, meu Salvador,

acalmar teus estremecimentos,

Suavizar tuas angústias ou ajudar-te a suportá-las!

Com que satisfação ficaria aqui contigo!



Coral

Qual é a causa de tais tormentos?

Ah, são meus pecados

o que assim te tortura?

Ah, Senhor Jesus,

sou o responsável

da culpa que tu expias!



Nº 26 Ária (Tenor, Coro)



Solo (Tenor):

Quero velar junto do meu Jesus.



Coro:

Assim, adormecem os nossos pecados.



Solo:

A dor da sua alma expia a morte da minha.

Seus padecimentos tornam possível

a minha alegria.



Coro:

Deste modo, um sofrimento que nos redime
tem que ser, ao mesmo tempo, amargo e doce.


Nº 27 Recitativo (26, 39)



Ev.

Adiantou-se um pouco

e prostrando-se até tocar a terra com o seu rosto,

orava, dizendo:



Jesus:

Pai, se for possível,

afasta de mim este cálice;

no entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua.



Nº 28 Recitativo (Baixo):

O Salvador cai prostrado ante o seu Pai,

para assim levantar-nos a todos

de nossas quedas,

até alcançar de novo a graça de Deus.

Está disposto

a tomar o cálice amargo da morte,

onde estão vertidos

os odiosos e hediondos pecados deste mundo,

porque assim deseja o Pai amado.



Nº 29 Ária (Baixo)

Satisfeito aceitaria eu

carregar a sua cruz

e beber do cálice depois do meu Salvador,

pois a sua boca,

da qual mana leite e mel,

tornou doces, no primeiro sorvo,

o padecimento e o cruel opróbrio.



Nº 30 Recitativo (26, 40-42)



EV.

E voltando para os discípulos,

achou-os dormindo e lhes disse:



Jesus:

Assim nem uma hora pudestes

vigiar comigo? Vigiai e orai,

para que não entreis em tentação;

o espírito, na verdade está pronto,

mas a carne é fraca.



EV.

Retirando-se mais uma vez,

orou, dizendo:



Jesus
Meu Pai, se não é possível passar este cálice,

sem que eu o beba,

bebê-lo-ei, cumprindo assim a tua vontade.



Nº 31 Coral
Que sempre se cumpra a vontade de Deus,

Pois o que ele quer é o melhor;

Sempre está disposto a ajudar

aos que nele crêem firmemente;

Ele nos salva da miséria, o piedoso Deus,

e castiga-nos com moderação.

Quem em Deus confia, constrói sobre ele,

Pois não nos abandonará.



Nº 32 Recitativo (26, 43-50)



EV.

E, voltando outra vez, achou-os dormindo,

porque seus olhos estavam carregados.

E, deixando-os novamente, foi orar terceira vez,

repetindo as mesmas palavras.

Então voltou para os discípulos

e disse-lhes:



Jesus
Dormis agora e descansais?

Eis que é chegada a hora,

e o Filho do homem está sendo entregue

nas mãos dos pecadores.

Levantai-vos, vamo-nos;

eis que é chegado aquele que me trai.



EV.

E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas,

um dos doze, e com ele

grande multidão com espadas e varapaus,

vinda da parte dos principais sacerdotes

e dos anciãos do povo.

Ora, o que o traía lhes havia dado

um sinal, dizendo:

Aquele que eu beijar,

esse é; prendei-o.

E logo, aproximando-se de Jesus, disse:



Judas
Salve, Rabi.



EV.

E o beijou.

Jesus, porém, lhe disse:



Jesus
Amigo, a que vieste?



EV.

Nisto, aproximando-se eles,

lançaram mão de Jesus, e o prenderam.



Nº 33 Dueto

(Soprano, Contralto, Coro Duplo)



Solistas:

Assim foi preso meu Jesus.

A lua e as estrelas

de dor se esconderam,

porque meu Jesus foi preso.

Levam-no, amarram-no.



Coro:

Deixem-no, soltem-no, não o amarrem!

Desapareceram os raios e os trovões

no céu?

Ó inferno, abre teu abismo de fogo,

destrói, arruína, devora, aniquila

com repentina fúria ao falso traidor,

ao sangue assassino.



Nº 34 Recitativo (26, 51-56)



EV.

E eis que um dos que estavam com Jesus,

estendendo a mão, puxou da espada

e, ferindo o servo do sumo sacerdote,

cortou-lhe uma orelha.

Então jesus lhe disse:



Jesus

Mete a tua espada no seu lugar;

porque todos os que lançarem mão da espada,

com a espada morrerão.

Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai,

e que ele não me mandaria agora mesmo

mais de doze legiões de anjos?

Como, pois, se cumpririam as Escrituras,

que dizem que assim convém que aconteça?



EV.

Disse Jesus à multidão naquela hora:



Jesus
Saístes com espadas e varapaus

para me prender, como a um salteador.

Todos os dias estava eu

sentado no templo ensinando,

e não me prendestes.

Mas tudo isso aconteceu

para que se cumprissem

as Escrituras dos profetas.



EV.

Então todos os discípulos, deixando-o, fugiram.



Nº 35 Coral

Ó homem,

Chora teu grande pecado,

Pelo qual Cristo deixou o selo do seu Pai,

descendo à terra.

De uma virgem doce e pura

Nasceu para nós,

Para ser o Mediador;

Deu vida aos mortos

E curou os doentes,

Até que chegou a hora

De ser sacrificado por nós,

De carregar sobre a cruz

O pesado fardo dos nossos pecados.





SEGUNDA PARTE





O Falso Testemunho

(Mateus 26,57-63)



Nº 36 Ária (Contralto, Coro)



Solo:

Ai, meu Jesus já não está mais aqui!

Será possível, devo crer nos meus olhos?

Ai, meu Cordeiro nas garras do tigre?

Ai, onde foi o meu Jesus?

Ai, o que devo responder à minha alma, quando, dolorida, me pergunta:

Ai, onde foi o meu Jesus?



Coro:

Aonde foi o teu amado,

Ó tu, a mais bela dentre as mulheres?

Para onde se encaminhou o teu amado?

Queremos ajudar-te a buscá-lo.



Nº 37 Recitativo (26, 51-59)



EV.

E os que prenderam Jesus

o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote,

onde se haviam reunido

os escribas e os anciãos.

Mas Pedro o seguia de longe

até ao pátio do sumo-sacerdote

e, tendo entrado,

assentou-se entre os serventuários,

para ver o fim.

Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus,

a fim de o condenarem à morte.

E não acharam.



Nº 38 Coral

O mundo julgou-me falsamente,

Com mentiras e enganos,

Com escuras redes e ciladas,

Senhor, defende-me deste perigo,

Livra-me destas perfídias.



Nº 39 Recitativo (26, 60-63)



EV.

Apesar de se terem apresentado muitas testemunhas

falsas, não encontraram nenhuma.

Mas, afinal, compareceram duas, afirmando:



Primeira e segunda Testemunhas
Ele disse: “eu posso destruir o templo de Deus

e reconstruí-lo em três dias”.





EV

E, levantando-se o sumo sacerdote,

perguntou a Jesus:



Pontífice

Nada respondes ao que estes

Depõem contra ti?



EV

Jesus, porém, guardou silêncio.



Nº 40 Recitativo (tenor)

Meu Jesus guarda silêncio

diante das falsidades,

para mostrar-nos assim

que a sua misericordiosa vontade

se oferece para sofrer por nós,

e que também na adversidade

devemos fazer como ele:

permanecer em silêncio na perseguição.



Nº 41 Ária (tenor)

Paciência, paciência

Quando falsas línguas me firam,

Quando sofra injustamente

Injúria e escárnio.

O Deus amado vingará

A inocência do meu coração.



Jesus perante Caifás e Pilatos

(Mateus 26, 63-75; 27, 1-14)



Nº 42 Recitativo (26, 63-66)



EV

E o sumo sacerdote respondendo,

disse- lhe:



Pontífice

Conjuro-te pelo Deus vivo

que nos digas se tu és o Cristo,

o Filho de Deus.



EV

Jesus lhe respondeu:



Jesus
É como disseste; contudo vos digo

que vereis em breve

o Filho do homem

assentado à direita do Poder,

e vindo sobre as nuvens do céu.



EV

Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes,

dizendo:



Pontífice
Blasfemou; para que precisamos

ainda de testemunhas?

Eis que agora acabais de ouvir

a sua blasfêmia. Que vos parece?



EV

E respondendo, disseram:



Coro
É réu de morte!



Nº 43 Recitativo (26, 67-68)



EV

Então uns lhe cuspiram no rosto

e lhe deram socos;

e outros o esbofetearam,

dizendo:



Coro

Profetiza-nos, ó Cristo;

quem foi que te bateu?



Nº 44 Coral

Quem te golpeou assim,

Meu Salvador, e com tormentos

Tão cruelmente te maltratou?

Tu não és um pecador,

como nós e nossos filhos;

da maldade nada conheces.



Nº 45 Recitativo (26, 69-73)



Ev.

Pedro estava sentado fora, no átrio

e, aproximando-se uma servente, lhe disse:



Primeira servente:

Tu estavas também com Jesus da Galiléia.



Ev.

Mas ele o negou ante todos, dizendo:



Pedro

Não sei o que estás dizendo.



Ev.

Quando ele se encaminhava para a porta

foi visto por outra,

que disse aos presentes:



Segunda servente:

Este estava também com Jesus de Nazaré.



Ev.

E de novo o negou, jurando:



Pedro:

Não conheço esse homem.



Ev.

E pouco depois dirigiram-se a Pedro

os que lá estavam, dizendo:



Coro:

Verdadeiramente, tu és um dos seus,

pois a tua fala te condena.



Nº 46 Recitativo (26, 74-75)



Ev.

Então, começou a amaldiçoar

e a praguejar:



Pedro:

Não conheço esse homem!



Ev.

E, simultaneamente, cantou o galo.

Então lembrou-se Pedro das palavras de Jesus,

que tinha lhe dito: Antes que cante o galo,

me negarás três vezes.

E saindo, chorou amargamente.



Nº 47 Contralto:

Tem piedade de mim, Deus meu,

observa meu pranto;

eis que meu coração e meus olhos

choram amargamente diante de ti.

Tem piedade de mim!



Nº 48 Coral

Mesmo que eu me afaste de ti,

Voltarei de novo ao teu lado;

Pela angústia e tormentos da morte

Fez-se teu Filho semelhante a nós.

Não nego a minha culpa,

Mas a tua graça e benevolência

São muito melhores que o meu pecado,

Que sempre carrego comigo.



Nº 49 Recitativo (27, 1-4)



EV.

Ora, chegada a manhã,

todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo

entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;

e, maniatando-o, levaram-no

e o entregaram ao governador

Pontio Pilatos.

Então Judas, aquele que o traíra,

vendo que Jesus fora condenado,

devolveu, compungido,

as trinta moedas de prata

aos anciãos, dizendo:



Judas

Pequei, traindo o sangue inocente.





Ev.

Responderam eles:



Coro

Que nos importa? Seja isto lá contigo.



Nº 50 Recitativo (27, 5-6)



Ev.

E tendo ele atirado para dentro do santuário

as moedas de prata, retirou-se,

e foi enforcar-se.

Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas

de prata, e disseram:



Pontífices:

Não é lícito metê-las no cofre das ofertas,

porque é preço de sangue.



Nº 51 Ária (Baixo)

Devolvei-me o meu Jesus!

Vede: o dinheiro, o preço do sangue,

o filho perdido atira a vossos pés.





Nº 52 Recitativo (27, 7-14)



Ev.

E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas

o campo do oleiro, para servir de cemitério

para os estrangeiros. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje,

Campo de Sangue.

Cumpriu-se, então, o que foi dito

pelo profeta Jeremias:

Tomaram as trinta moedas de prata,

preço do que foi avaliado,

a quem certos filhos de Israel avaliaram,

e deram-nas pelo campo do oleiro,

assim como me ordenou o Senhor.

Jesus, pois, ficou em pé diante do governador;

e este lhe perguntou:



Pilatus

És tu o rei dos judeus?



Ev.

Respondeu-lhe Jesus:



Jesus

É como dizes.



Ev.

Mas ao ser acusado

pelos principais sacerdotes e pelos anciãos,

nada respondeu. Perguntou-lhe então Pilatos:



Pilatus

Não ouves quantas coisas testificam contra ti?



Ev.

E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer;

de modo que o governador

muito se admirava.



Nº 53 Coral

Confia o teu caminho

E tudo o que o teu coração sofre

Ao mais fiel dos guardiões.

Aquele que reina nos céus,

O que rege os rumos

E os caminhos dos ventos

E das núvens sempre será

O melhor guia para ti.



Entrega e Flagelação

(Mateus 27, 15-30)



Nº 54 Recitativo (27, 15-22)



Ev.

Para a festa era costume que o governador

concedesse liberdade a um preso,

àquele que o povo escolhesse.

Havia naquele tempo um preso,

notável entre os demais,

que se chamava Barrabás.

E quando estavam reunidos,

disse-lhes Pilatos:



Pilatos:

A quem quereis que liberte:

a Barrabás ou a Jesus,

o que diz ser o Cristo?



Ev.

Pois ele estava certo de que

o tinham acusado por inveja.

E quando estava sentado no tribunal,

entrou sua mulher para dizer-lhe:



Mulher de Pilatos:

Não te impliques com esse justo,

pois hoje sofri muito em sonhos

por causa dele.



Ev.

Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo

para que pedisse por Barrabás

e condenasse à morte Jesus.

E tomando a palavra,

o governador lhes disse:



Pilatos:

Qual destes dois quereis que liberte?





Ev.

Eles disseram:



Coro:

Barrabás!



Ev.

Pilatos lhes perguntou:



Pilatos:

Que devo fazer com Jesus,

o que diz ser o Cristo?



Ev.

Todos responderam:



Coro:

Crucifica-o!



Nº 55 Coral

Que incompreensível é este castigo!

O bom pastor sofre pelo seu rebanho:

O Senhor, o justo, paga a culpa

dos seus servos!



Nº 56 Recitativo (27, 23)



Ev.

Pilatos, porém, disse:



Pilatos

Pois que mal fez ele?



Nº 57 Recitativo (soprano)

Ele fez o bem a todos:

Deu vista os cegos,

Fez andar os mancos,

Transmitia-nos a palavra do Pai,

Afastou os demônios,

Consolou os aflitos,

Carregou sobre si as nossas culpas;

Só coisas assim fez o meu Jesus.



Nº 58 Ária (soprano)

Por amor quer morrer meu Salvador;

Ele que nada conhece do pecado,

Para que a eterna condenação

E o castigo da justiça

não pesem sobre minha alma.



Nº 59 Recitativo (27, 23-26)



Ev.

Mas eles clamavam ainda mais:



Coro
Crucifica-o!



Ev.

Ao ver Pilatos que nada conseguia,

mas pelo contrário que o tumulto aumentava,

mandando trazer água, lavou as mãos

diante da multidão, dizendo:



Pilatus

Sou inocente do sangue deste homem;

seja isso lá convosco.



Ev.

E todo o povo respondeu:



Coro

O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.



Ev.

Então lhes soltou Barrabás;

mas a Jesus mandou açoitar,

e o entregou

para ser crucificado.



Nº 60 Recitativo (contralto)

Misericórdia, ó Deus!

Eis o Senhor amarrado.

Ó açoites, pancadas, feridas!

Verdugos, detende-vos!

Não vos comove a visão dos sofrimentos desta alma,

de tal desolação?

Ah, sim, ainda que tenhais coração,

Deve ele ser mais cruel

que o poste de tortura.

Misericórdia dele, detende-vos!



Nº 61 Ária (contralto)

As lágrimas no meu rosto

são impotentes.

Toma, então, meu coração!

Mas deixa também que seja como um cálice

de sacrifício para o fluxo de sangue

das suas feridas.



Nº 62 Recitativo (27, 27-29)



Ev.

Nisso os soldados do governador

levaram Jesus ao pretório,

e reuniram em torno dele

toda a coorte.

E, despindo-o,

vestiram-lhe um manto escarlate;

e tecendo uma coroa de espinhos,

puseram-lha na cabeça,

e na mão direita uma cana,

e ajoelhando-se diante dele,

o escarneciam, dizendo:



Coro

Salve, Rei dos Judeus!



Ev.

E cuspiram-lhe, e com uma vara

davam-lhe na cabeça.



Nº 63 Coral:

Ó fronte ensangüentada e ferida,

dorida e escarnecida!

Ó fronte ferida, para zombaria,

por uma coroa de espinhos!

Ó fronte, antes belamente adornada,

com a mais alta das honras

e agora assim atacada:

Eu te saúdo!

Tu, nobre rosto,

ante o qual teme e treme o juízo final,

de que forma cospem sobre ti!

Quão lívido estás!

Quem apagou de forma tão infame

a luz sem igual dos teus olhos?







A Crucificação

(Mateus 27, 31-54)



Nº 64 Recitativo (27, 31-32)



Ev.

Depois de o terem escarnecido,

despiram-lhe o manto,

puseram-lhe as suas vestes,

e levaram-no para ser crucificado.

Ao saírem, encontraram um homem cireneu,

chamado Simão, a quem obrigaram

a levar a cruz de Jesus.



Nº 65 Recitativo (Baixo)

Sim, certamente a nossa carne e sangue

quiseram ser requeridos para levar a cruz;

Pois isto será melhor para a nossa alma

Quanto mais amargo lhe seja.



Nº 66 Ária (Baixo)

“Vem, doce cruz”, quero assim dizer.

Dá-me-a para sempre, meu Jesus!

Se meu sofrimento é intolerável,

Ajuda-me, então, a suportá-lo.



Nº 67 Recitativo (27, 33-43)



Ev.

Quando chegaram ao lugar

chamado Gólgota,

que quer dizer, lugar da Caveira,

deram-lhe a beber vinho

misturado com fel; mas ele, provando-o,

não quis beber.

Então, depois de o crucificarem,

repartiram as vestes dele, lançando sortes,

para que se cumprisse

o que foi dito pelo profeta:

Repartiram entre si as minhas vestes,

e sobre a minha túnica deitaram sortes.

E, sentados, ali o guardavam.

Puseram-lhe por cima da cabeça

a sua acusação escrita:

ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.

Então foram crucificados com ele dois salteadores,

um à direita, e outro à esquerda.

E os que iam passando blasfemavam dele,

meneando a cabeça

e dizendo:







Coro

Tu, que destróis o santuário

e em três dias o reedificas,

salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus,

desce da cruz.



Ev.

De igual modo também os principais sacerdotes,

com os escribas e anciãos,

escarnecendo, diziam:



Coro

A outros salvou;

a si mesmo não pode salvar.

Rei de Israel é ele;

desça agora da cruz,

e creremos nele;

confiou em Deus,

livre-o ele agora, se lhe quer bem;

porque disse: Sou Filho de Deus.



Nº 68 Recitativo (27, 44)



Ev.

O mesmo lhe lançaram em rosto também

os salteadores que com ele foram crucificados.



Nº 69 Recitativo (Contralto)

Ah! Gólgota, funesto Gólgota!

O Senhor da Glória

perecerá aqui ultrajado,

O Benfeitor e Salvador do mundo

foi crucificado como um malfeitor.

Terra e ar hão de privar-se

do Criador do céu e da terra;

o inocente morrerá como culpado;

isto aflige extremamente minha alma.

Ah! Gólgota, funesto Gólgota!



Nº 70 Ária (Contralto, Coro)



Solo:

Vejam: Jesus estende a sua mão

para abraçar-nos. Venham!



Coro:

Aonde?



Solo:

Aos braços de Jesus.

Busquem a redenção e recebam a misericórdia;

busquem!



Coro:

Onde?



Solo:

Nos braços de Jesus vivam, morram, repousem aqui,

jovens abandonados; permaneçam!



Coro:

Onde?



Solo:

Nos braços de Jesus.



Nº 71 Recitativo (27, 45-50)



Ev.

E, desde a hora sexta,

houve trevas sobre toda a terra,

até a hora nona.

Cerca da hora nona,

bradou Jesus em alta voz, dizendo:



Jesus

Eli, Eli, lamá sabactani;



Ev.

isto é, Deus meu, Deus meu,

por que me desamparaste?

Alguns dos que ali estavam,

ouvindo isso, diziam:



Coro

Ele chama por Elias.



Ev.

E logo correu um deles,

tomou uma esponja,

ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana,

dava-lhe de beber.

Os outros, porém, disseram:



Coro

Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.



Ev.

De novo bradou Jesus com grande voz,

e entregou o espírito.



Nº 72 Coral

Quando eu tiver de partir,

não te afastes de mim!

Quando eu tiver de sofrer a morte,

Vem para o meu lado!

Quando meu coração estiver

Invadido pelos maiores temores,

Arrebata-me da minha aflição

Com tua angústia e a tua pena!



Nº 73a Recitativo (27, 51-54)



Ev.

E eis que o véu do santuário

se rasgou em dois,

de alto a baixo;

a terra tremeu, as pedras se fenderam,

os sepulcros se abriram,

e muitos corpos de santos que tinham dormido

foram ressuscitados;

e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele,

entraram na cidade santa,

e apareceram a muitos.

Ora, o centurião

e os que com ele guardavam Jesus,

vendo o terremoto

e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor,

e disseram:



Coro

Verdadeiramente este era filho de Deus.



O Sepultamento

(Mateus 27,55-66)



Nº 73b Recitativo



Ev.

Também estavam ali, olhando de longe,

muitas mulheres que tinham seguido Jesus

desde a Galiléia

para o ouvir;

entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria,

mãe de Tiago e de José,

e a mãe dos filhos de Zebedeu.

Ao cair da tarde, veio um homem rico

de Arimatéia, chamado José,

que também era discípulo de Jesus.

Esse foi a Pilatos

e pediu o corpo de Jesus.

Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.



Nº 74 Recitativo (Baixo)

Ao entardecer, ao refrescar,

Fez-se evidente o pecado de Adão.

Ao entardecer, o Salvador o redimiu;

Ao entardecer, retornou a pomba

Trazendo um ramo de oliveira no bico.

Ó bela hora, momento do entardecer!

Agora estão feitas as pazes com Deus,

Pois Jesus cumpriu já a sua cruz.

Seu corpo já descansa em paz.

Alma bem-amada, roga,

Vem e pede que te entreguem Jesus morto,

Adorado presente!



Nº 75 Ária (Baixo)

Purifica-te, coração meu,

Eu mesmo quero enterrar Jesus.

Pois ele encontrará em mim

para sempre doce repouso.

Ó Mundo, afasta-te, deixa Jesus fazer parte de mim.



Nº 76 Recitativo (27, 59-66)



Ev.

E José, tomando o corpo,

envolveu-o num pano limpo, de linho,

e depositou-o no seu sepulcro novo,

que havia aberto em rocha;

e, rolando uma grande pedra

para a porta do sepulcro, retirou- se.

Mas achavam-se ali Maria Madalena

e a outra Maria,

sentadas defronte do sepulcro.

No dia seguinte,

isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os

principais sacerdotes e os fariseus

perante Pilatos, e disseram:



Coro

Senhor, lembramo-nos de que

aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou:

Depois de três dias ressurgirei.

Manda, pois, que o sepulcro seja guardado

com segurança até o terceiro dia;

para não suceder que, vindo os discípulos,

o furtem e digam ao povo:

Ressurgiu dos mortos;

e assim o último embuste será pior

do que o primeiro.



Ev.

Disse-lhes Pilatos:



Pilatos

Tendes uma guarda; ide,

tornai-o seguro, como entendeis.



Ev.

Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro,

selando a pedra, e deixando ali a guarda.



Nº 77 Recitativo (Solos e Coro)



Solo (Baixo):

Agora o Senhor descansa.



Coro:

Meu Jesus, descansa em paz!



Solo (tenor):

O padecimento que os nossos pecados

lhe causaram terminou.



Coro:

Meu Jesus, descansa em paz!



Solo (Contralto):

Ó corpo bem-aventurado,

vê como te choro contrito e arrependido,

pois minha culpa te causou

estes padecimentos.



Coro:

Meu Jesus, descansa em paz!



Solo (Soprano):

Estarei eternamente agradecido a ti

pelos teus sofrimentos,

Por tua diligência

para a salvação da minha alma.



Coro:

Meu Jesus, descansa em paz!





Nº 78 Coro Final:

Prostramo-nos com lágrimas

Perante o teu túmulo e clamamos:

Repousai docemente, repousai docemente!

Repousai, membros abatidos!

Repousai docemente, repousai bem.

Tua tumba e lápide serão

Para as consciências angustiadas

Suave almofada e lugar de repouso

para as almas.

Em sublime contentamento

Adormecem os teus olhos.





Traduzido por Lukas d’Oro

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