terça-feira, 15 de março de 2011

HOLDERLIN










POR DE SOL



Onde estás? A alma anoitece-me bêbeda
De tôdas as tuas delícias; um momento
Escutei o sol, amorável adolescente,
Tirar da lira celeste as notas de ouro do seu canto da noite.


Ecoavam ao redor os bosques e as colinas;
Êle no entanto já ia longe, levando a luz
A gentes mais devotas.
Que o honram ainda.

Trad. Manuel Bandeira

E pouco saber...


E pouco saber, mas muita alegria
É dada aos mortais,


Porquê, ó belo Sol, não me bastas tu,
Ó flor das minhas flores! no dia de Maio?
Que sei eu então de mais alto?


Oh, fora eu antes como as crianças são!
Que eu, como os rouxinóis, cantasse
A canção descuidada da minha delícia!


(tradução: Paulo Quintela)


A Natureza e a Arte ou Saturno e Júpiter


Alto tu reinas no dia e a tua lei
Floresce, tens na mão a balança, filho de Saturno!
E reparte as sortes e ledo repousa
Na glória das artes imortais do domínio.


Mas dizem os Poetas que para o abismo
O sacro Pai, o teu próprio, outrora
desterraste e que lá em baixo se chora,
Onde os Indómitos estão justamente antes de ti,


Inocente o deus da idade de ouro há já muito:
Outrora sem custo e maior do que tu, embora
Não tenha ditado nenhum mandamento
E nenhum dos mortais por nome o nomeasse.


Para baixo pois! ou não te envergonhes da gratidão
E se queres ficar, serve ao mais velho
E concede-lhe que antes de todos,
Deuses e homens, o Poeta o nomeie!


Pois, como das nuvens o teu raio, assim dele
Vem o que é teu, olha! dá dele testemunho
O que tu ordenas, e da paz
De Saturno cresceu todo o poder.


E quando eu no coração tiver algo de vivo
Sentido e alvoreça o que tu formaste,
E no seu berço tiver passado a dormir
Em delícia o tempo que muda,


Então eu te reconheço, ó Crónion! então te ouço, a ti
Sábio mestre que, como nós, um filho
Do Tempo, dás leis, e quanto
O santo crepúsculo esconde, anuncias.


(tradução: Paulo Quintela)

METADE DA VIDA


Heras amarelas
E rosas silvestres
Da paisagem sobre a
Lagoa.

Ó cisnes graciosos,
Bêbedos de beijos,
Enfiando a cabeça
Na água santa e sóbria!

Ai de mim, aonde, se
É inverno agora, achar as
Flores? e aonde
O calor do sol
E a sombra da terra?
Os muros avultam
Mudos e frios; ao vento
Tatalam bandeiras.

(Trad. Manuel Bandeira)


A rosa


Suave irmã!
Onde irei buscar, quando for Inverno,
As flores, para tecer coroas aos deuses?
Então será, como se eu já não soubera do Divino,
Pois de mim terá partido o espírito da vida;
Quando eu buscar prendas de amor aos deuses,
As flores no campo escalvado,
E te não achar.


(tradução: Paulo Quintela)






Nenhum comentário: